domingo, 26 de setembro de 2010

Sistema Nervoso e Psicomotricidade


            De acordo com Oliveira, a psicomotricidade é o caminho entre o corpo, o espaço, o tempo e o desejo de querer fazer, o poder fazer, o saber fazer e as condições para aprender e realizar.

            A autora propõe que uma ação pedagógica eficaz deve enfocar uma educação global, em que devem ser respeitados os potenciais intelectuais, sociais, motores e psicomotores dos educandos.

            A psicomotricidade é empregada para se definir os movimentos e traz como experiência o próprio sujeito com sua linguagem e sua socialização.
Algumas estruturas do ser humano, como a cor dos olhos, cabelos, etc. já nascem definidas, muitas outras precisam ser desenvolvidas, necessitando de condições apropriadas e estímulos advindo do meio no qual o ser humano vive. Alem dos estímulos do meio as células nervosas (neurônios) precisam de bastante energia, contidas nos açucares e gorduras e também de proteínas.
Segundo Oliveira (1997) “... o desenvolvimento neuronal se dá entre o 6º mês de gestação até mais ou menos os seis anos de idade da criança”.
Nesta fase, a estimulação do ambiente é essencial para a criança que provoca reações nas sinapses, transmitindo informações para os seus neurônios.
            Para manipular objetos são necessárias habilidades essenciais, para se movimentar no espaço requer desenvoltura e equilíbrio, dominar gestos e instrumentos. Todos esses movimentos simples ou complexos são controlados pelo sistema nervoso. Ele é o responsável pela coordenação de todas as atividades do organismo.
Na medida que o corpo cresce o comportamento evolui intelectualmente e emocionalmente, ocorre à maturação. O comportamento se diferencia e se modifica, permitindo enfrentar adequadamente uma situação e suas exigências. Aprender, neurologicamente falando, significa usas sinapses normalmente não usadas. O uso, portanto de maior ou menor número de sinapses é o que condiciona uma aprendizagem no sentido neurológico.
O papel do educador nesse sentido será estimular a criança a diferenciar seu sistema nervoso, aumentando o numero de sinapses.
        
Coordenação global
            A coordenação global é a atividade relacionada aos grandes músculos que dão condições para se realizar múltiplos movimentos ao mesmo tempo. Cada membro realiza uma atividade diferente, havendo uma conservação da unidade do gesto. Por exemplo, andar, correr, dirigir, nadar, tocar instrumentos. Através da movimentação e da experimentação a criança procura seu eixo corporal.

            Segundo a autora a coordenação global e a experimentação levam a criança a adquirir a dissociação de movimentos.

Coordenação fina
            É a habilidade e destreza manual dos pequenos músculos e constitui um aspecto particular da coordenação global. São os movimentos mais refinados e mais precisos como, por exemplo, escrever e desenhar.

Coordenação óculo-manual ou viso-motora
            O controle ocular acompanha a visão dos gestos da mão, facilitando a harmonia do movimento. Essa coordenação é essencial para a escrita.

Desenho e grafismo
             Segundo Oliveira, a escrita necessita da independência do braço em relação ao ombro e a independência da mão e dos dedos, para se processar de maneira econômica, sem cansaço, para que o indivíduo possa controlar a pressão sobre os dedos.

            É fundamental uma postura correta para realizar os movimentos gráficos e que consiga também controlar a pressão gráfica exercida sobre o lápis e o papel, para alcançar maior destreza e maior velocidade no movimento.

            A primeira experiência da criança utilizando o lápis é o desenho ou grafismo. Ambos desempenham uma habilidade importante para a escrita e leitura auxiliando a desenvolver a habilidade de pegar o lápis de forma correta e facilitando a harmonia dos movimentos. A escrita possibilita, portanto, a destreza manual organizada a partir de certos movimentos.

            Ao realizar um trabalho intenso de exercitação a criança coordenará seus movimentos finos de forma precisa e com velocidade.

Esquema corporal
            O corpo é uma forma de expressão da individualidade. Toda a nossa expressão se dá pelo corpo é pela imagem que temos de nós mesmo.

            A criança desenvolve o seu esquema corporal gradualmente com a interação de seu corpo com os objetos de seu meio, com as pessoas com as quais convive e com o mundo onde ela estabelece ligações intelectuais, afetivas e emocionais.

As etapas do esquema corporal
1ª etapa: Corpo vivido (até 3 anos de idade)
            Nesta etapa o bebê não tem consciência do “eu” e se confunde com o espaço em que vive, tem necessidade de movimentação para enriquecer a experiência subjetiva do seu corpo e ampliar a sua experiência motora. As suas atividades são espontâneas, manuseia seu corpo na relação com o mundo.

2ª etapa: Corpo percebido ou “descoberto” (3 a 7 anos)
            A criança passa a ver seu corpo como um ponto de referencia para se situar e situar os objetos em seu espaço e tempo. Percebe as funções do seu corpo (mãos, pés e boca), descobre as diferenças entre o corpo feminino e masculino e assimila conceitos como embaixo, acima, direita, esquerda.

3ª etapa: Corpo representado (7 a 12 anos)
            Nesta etapa a criança amplia e organiza seu esquema corporal. Ela já conhece as posições e consegue movimentar-se corretamente no meio ambiente com controle e domínio corporal, pois já tem noção do todo e de partes do seu corpo.
            A criança que não foi orientada adequadamente a desenvolver seu corpo terá dificuldades em expressá-lo. Elas não localizam ou confundem as partes de seu corpo, não percebem a posição de seus membros, apresentam dificuldade de coordenação de seus movimentos e seu desenho da figura humana é pobre.

Lateralidade
            Segundo Oliveira é a propensão que o ser humano possuir em utilizar um lado do corpo mais que o outro, em três níveis: mão, olho e pé.

            O lado dominante executa a ação principal, apresenta maior força muscular, mais precisão, equilíbrio e rapidez. O outro lado auxilia e complementa a ação.

            Exemplos de dominância dos membros superiores/inferiores: recortar com tesoura, chutar uma bola, pular amarelinha, bater um prego na parede.

            A dominância ocular pode ser percebida quando a criança observa um objeto qualquer a sua frente por um binóculo, uma luneta ou um buraco de fechadura.
            É preciso cautela ao afirmar a dominância ocular, pois um problema de visão poderá mascarar a percepção da visão.

            De acordo com Oliveira a pessoa que tem a mesma dominância nos três níveis do lado direito, e considerada destra homogênea, e canhota ser for do lado esquerdo. Se a pessoa possuir dominância espontânea nos dois lados do corpo, ou seja, executar os mesmos movimentos tanto com um lado como com o outro, é chamada ambidestra. Ao combinar o uso da mão direita com o pé esquerdo ou qualquer outra combinação, diremos que ela tem lateralidade cruzada. Uma pessoa destra usando a mão esquerda apresenta destralidade contrariada e sinistralidade contrariada um sinistro usando a mão esquerda. No caso de pessoas que sofreram amputação de um membro ou paralisia no lado dominante, é chamado de falsa sinistralidade ou falsa destralidade.

            A lateralização é a base da estruturação espacial e é através dela que uma criança se orienta no mundo que a rodeia.

Estruturação espacial     

             A estruturação espacial é fundamental para ser viver em sociedade. É através do espaço e das relações espaciais que nos situamos no meio em que vivemos, estabelecendo relações entre as coisas, fazendo observações, comparando-as, combinando-as, vendo as semelhanças e diferenças entre elas.
            A estruturação espacial não nasce com o individuo. Ela é uma elaboração e uma construção mental que se opera através de seus movimentos em relação aos objetos que estão em seu meio.

            Para o recém-nascido os mundos interno e externo são indistintos. Só aos três meses sua imagem de corpo começa as se elaborar a partir do nono mês percebe a separação entre seu corpo e o meio. Aos três anos, a criança já tem uma vivencia corporal.

            A verbalização é muito importante e auxiliará na designação dos objetos e na organização da vivencia do espaço, no melhor conhecimento das diferentes partes do corpo e de suas posições e vivenciar melhor o domínio das noções de orientação.

             Para que a criança perceba a posição dos objetos no espaço, é necessário ter uma boa imagem corporal, pois ela usa seu corpo como ponto de referencia.

            Quando uma criança consegue se orientar em seu meio ambiente, estará mais capacitada a assimilar a orientação espacial no papel.

            A partir da organização espacial a criança compreenderá as relações espaciais para se situar e se movimentar em seu meio ambiente, percebendo a reação existente entre diversos elementos, a relação de simetria, oposição, inversão.

            As dificuldades na estruturação espacial impedem ou retardam o desenvolvimento pleno da criança, como alguns desses exemplos:

a)    Limitação de seu desenvolvimento mental e psicomotor;
b)    Crianças tolhidas em suas experiências corporais e espaciais e que não tem oportunidades de manipular os objetos ao seu redor;
c)    As que não desenvolveram a noção de esquema corporal, acarretando prejuízo na função de interiorização.
d)    As que não conseguiram ainda estabelecer a dominância lateral e nem assimilaram as noções de direita e esquerda.
            As conseqüências são desastrosas para a aprendizagem escolar, tais como:
a)    Crianças que não conseguem assimilar os termos espaciais e confundem quando se exige uma noção de lugar, de orientação, tanto no recreio, quanto nas salas de aula.
b)    Crianças que conhecem os termos espaciais, mas não percebem as posições. Outras têm dificuldades em perceber as diversas posições, e não discriminam as direções das letras (“m”, “u”, “ou” e “on”).
c)    Crianças que percebem o espaço que as circundam, não têm memória espacial. Esquecem ou confundem significados dos símbolos representados pelas letras gráficas.

Estruturação temporal

             Uma criança pequena não consegue extrapolar suas ações para o passado ou futuro, não tem ainda capacidade para lidar com conceitos de ontem, hoje e amanhã. O seu presente é o que está vivenciando, não percebe as seqüências dos acontecimentos.

            É a orientação temporal que lhe garantirá uma experiência de localização dos acontecimentos passados, e uma capacidade de projetar-se para o futuro, fazendo planos e decidindo sobre sua vida.

             A criança percebe que seu corpo não existe isolado no espaço e no tempo e vai pouco a pouco captando essas noções. Percebe que seus gestos e movimentos vão se ajustando ao tempo e ao espaço exteriores.

            Numa outra etapa a criança toma consciência das relações de tempo. Trabalhará as noções e relações de ordem, sucessão, duração e alternância entre os objetos e ações, percebendo as noções dos momentos do tempo, como o instante, o momento exato, a simultaneidade e a sucessão.
            A partir desta fase, a criança começa a organizar e coordenar as relações temporais. Pela representação mental dos momentos e suas relações, ela atinge uma maior orientação temporal e adquire a capacidade de trabalhar ao nível simbólico.

            Os principais conceitos que as crianças devem adquirir são: simultaneidade, ordem e seqüência, duração dos intervalos, renovação cíclica de certos períodos e ritmo.

Discriminação visual e auditiva

            Um aparelho auditivo e visual íntegro é um pré-requisito muito importante para a aprendizagem da leitura e da escrita. Portanto, se a criança não tem defeito visual ou auditivo, mas não consegue discriminar corretamente os sons ou as formas ela não transmite informações exatas ao sistema motor.
           
 Considerações Finais
A Psicomotricidade é de suma importância para a aprendizagem da criança. Uma criança com seu lado motriz e afetivo desenvolvido em conjunto, têm maiores chances de aprender a leitura e a escrita de forma mais completa e com maior facilidade. É importante também para que a criança se relacione melhor com o meio, sem se sentir deslocada ou diferente.
O educador deve perceber que todas as etapas da criança são importantes e devem ser vivenciadas de acordo com a idade de cada uma. A psicomotricidade poderá ajudar o educador nesse sentido.


Atividades

As atividades recreativas favorecem a consolidação de hábitos, o desenvolvimento corporal e mental, a melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade e promovem a formação total do ser humano.
SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS PSICOMOTORES: engatinhar, rolar, balançar, dar cambalhotas, se equilibrar em um só pé, andar para os lados, equilibrar e caminhar sobre uma linha no chão e materiais variados (passeios ao ar livre), pular pneus, corda, amarelinha; rastejar; correr; engatinhar; encontrar objetos escondidos; perceber diferenças entre o cenário anterior e o atual; participar de atividades de musicalização; cantar; dançar; brincar de roda, de cabra cega, de passar anel, de baliza, de pique-pega, de pique-esconde, de pique-cola, de macaco disse, de Maria viola, etc... dificilmente apresentará dificuldades no processo de alfabetização. Desenhar no chão e observar seu desenho e os desenhos dos colegas. Ainda, adquirir ritmo através da musicalização, esquerda / direita, em cima / em baixo, fino / grosso, alto / baixo, grande / pequeno e tantas outra habilidades que possibilitam um rápido entendimento do processo de escrita e da leitura. Movimentos de pinça (pegar objetos com a ponta dos dedos), soprar canudinhos (bolinha de sabão), confeccionar pipas e brinquedos, rasgar e embolar papéis. Reconhecimento de partes do seu corpo (macaco disse), favorecem o pegar no lápis e nos demais objetos escolares, estimulam o traçado e a observação das diferenças entre as letras.
Esquema Corporal
Macaco disse:
Objetivo : integrar o grupo e trabalhar o esquema corporal
Faixa etária: de 5 a 8 anos
Fale, e as crianças devem obedecer  rapidamente o seu comando, sempre começando com “Macaco disse:”
Macaco disse:
Mãos na cintura!,  mãos na cabeça!, faça careta!,  pule para frente!, pule para trás!, mãos no cotovelo!
Consciência corporal com cadeira
Objetivo: trabalhar o esquema corporal
Faixa etária: de 5 a 8 anos

Como brincar:
Disponha as cadeiras em círculo, uma para cada criança.
Coloque uma música.
Peça as crianças que dancem livremente, criando coreografias variadas, sempre com uma parte do corpo encostada na cadeira: mão, pé, joelho, etc.

Coordenação motora
Objetivo: desenvolver a coordenação motora
Faixa etária: de 6 a 9 anos

O piano
Como brincar:
Crianças em frente á parede, rebatendo a bola e recitando o verso.
La em cima do piano,
Tem um copo de veneno.
Quem bebeu morreu!
O culpado não foi eu.
·         Coordenar a batida da bola ao ritmo do verso.
·         Além da brincadeira, troque a palavra lá em cima por: lá embaixo, lá longe, lá adiante.
Armar e desarmar a torre
Objetivo: desenvolver a coordenação motora
Faixa etária: de 5 a 7 anos
Como brincar:
Crianças sentadas lado a lado em fileira.
Coloque uma torre de cubos na frente de uma criança no inicio de cada fileira.
Ao iniciar a musica a criança passa para o colega do lado o cubo e esta faz o mesmo, até chegar a mão da ultima criança.
A última criança vai armando a torre na extremidade oposta
A brincadeira deve repetir-se na direção contrária.
Variação: A torre poderá ser formada em seqüência lógica de tamanho, altura, cores, etc.
Noção espacial
 Completando o desenho
Objetivo: desenvolver a noção de espaço.
Faixa etária: de 6 a 10anos
Como brincar:
Faça desenhos incompletos no quadro. Exemplo: rosto sem olhos, casa sem portas, carro sem rodas, coelho sem orelhas, pintinho sem bicos,gato sem calda,flor faltando pétalas, etc.
Duas crianças de olhos vendados, devem tentar completar as partes que faltam.
O desenho que os colegas decidirem que ficou mais completo ou mais próximo da realidade será o vencedor.
Variação
Divida as crianças aos pares. Coloque uma venda em uma das crianças. A outra criança deve conduzir o colega para completar o desenho dizendo: _- Para frente. Para a direita. Para cima, etc.

Quero ver quem fica
Objetivos: desenvolver a noção espacial, a atenção e a concentração.
Faixa etária: de 5 a 9 anos
Como brincar:
Desenhe um grande circulo no chão.
Peça as crianças que sigam as suas orientações:
Quero ver quem fica:
- Em cima da linha do circulo .
- Dentro do circulo.
-Fora do circulo.
- Abraçado com o colega que tenha a mesma letra inicial do seu nome fora do circulo.
- Andando sobre a linha do circulo um atrás do outro.
-Pulando como coelhos fora do circulo. Etc.
Lateralidade
• Andar pela sala jogando uma bola ou bexiga, de uma mão para a outra.
• Colocar uma criança no centro. Pedir a outra criança que fique à direita dela; outra atrás; outra à frente e outra à esquerda. Batendo palmas, as crianças mudam de posição e dizem a sua nova posição.

Seguir o Guia
Objetivo: Objetivo: trabalhar a lateralidade
Faixa etária: de 7 a 10 anos
O guia orienta o parceiro com sons, e a criança que é guiada tem os olhos vendados. O percurso a ser seguido é combinado entre a professora e as crianças. Os sons utilizados são combinados entre as crianças das duplas. Ao final da aula, cada criança pega uma folha de papel e tenta desenhar o mapa do território percorrido.

Eu confio em você
Objetivo: trabalhar a lateralidade..Desenvolver o sentimento de confiança no colega.
Faixa etária: de 5 a 9 anos
Como brincar:
Leve as crianças para o pátio da escola. Divida a turma em duplas
Uma das crianças deve vendar os olhos. A criança que estiver sem a venda vai ser o guia.
O guia deve ficar atrás do colega com as mãos nos ombros dele.
Cada gesto da mão do guia  deve indicar uma orientação para a criança que está  com a venda movimentar-se, como:
Colocar as duas mãos sobre os ombros: andar para frente,
Colocar somente  a mão sobre o ombro direito: virar a direita;
Colocar a mão sobre o ombro esquerdo: virar a esquerda;
Tirar as mãos: parar.
Dê um tempo depois mude o par. Quem estava com a venda será o condutor e vice- versa.

Coordenação Global grossa:
marchar, batendo palmas, correr, saltar, etc

Fina
tocar piano, escrever, modelagem com massinhas, recortar, colar, trabalhos com objetos pequenos como pinças







Referencias Bibliográficas:
ICPG Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br 8 acesso em 17/10/2009
www.qdivertido.com.br acesso em 12/10/2009
YOGI, Chizuko.Aprendendo e brincando com jogos. 4º Ed. Belo Horizonte, MG: Ed. Fapi,2003.
OLIVEIRA,Gislene de Campos. Desenvolvimento da Psicomotricidade. In: Psicomotricidade:Educação e Reeducação num Enfoque Psicopedagógico.8º Ed. Petrópolis, RJ:Ed. Vozes,1998

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