De acordo com Oliveira, uma porcentagem significativa de crianças apresenta dificuldades em acompanhar o desempenho e as exigências escolares. Surgindo a partir desses fracassos as desadaptações, a ansiedade e os problemas emocionais, que levam as crianças ao abandono e a evasão escolar, com a sensação de perda e o sentimento de que são incapazes de assimilar qualquer coisa que seus professores ensinam.
Segundo Oliveira, existe uma concordância de opinião entre os pesquisadores, que se deve investigar os motivos que levam uma criança a não aprender e eles relacionam como mais freqüentes, as seguintes causas:
a) Os fatores intra-escolares, a inadequação de currículos, programas, sistemas de avaliação, relacionamento professor-aluno, métodos de ensino inadequados.
b) Deficiência mental.
c) Problemas físicos e/ou sensoriais.
d) Linguagem deficiente.
e) Problemas emocionais.
f) Aspectos carenciais da população.
g) Diferenças culturais e/ou sociais.
h) Falta de estimulação adequada nos pré-requisitos necessários à alfabetização.
i) Falta de maturidade para iniciar o processo de alfabetização.
j) “Dislexia”
k) Deficiências não-verbais.
Para Oliveira os problemas de aprendizagem são, portanto, multideterminados devidos a uma associação de causas, podendo ser agrupadas e organizadas como:
- ESCOLA
O objetivo da escola é a integração da criança na sociedade facilitando seu acesso ao mundo dos adultos.
Mas verifica-se que a escola tem selecionado e segregado duramente as crianças que tem menos facilidade de aprender e de se comunicar reproduzindo com os mesmos controles da sociedade, a “expulsão” delas dos meios de comunicação e cultura.
Para Oliveira há muitos professores sem flexibilidade para adaptar os objetivos do ensino às diferenças individuais do aluno. As atividades de sala de aula não têm sentido para as crianças o que torna difícil e desestimulante a aprendizagem.
O relacionamento professor-aluno contribui para a aprendizagem, e, portanto, deve ser aberto às perguntas e indagações dos alunos que devem ser tratados com respeito, não importando a idade em que estejam.
Segundo Oliveira, os professores se comportam como “cães de guarda” e através do controle rígido, selecionam e punem crianças que não realizam as tarefas solicitadas.
A escola tem que provar o quanto é eficiente e eficaz em seus objetivos e atribui unicamente ao aluno que não aprende a responsabilidade pelo fracasso escolar. É por esse motivo a encaminham às clínicas de reeducação.
Oliveira ressalva, entretanto, que a escola tem sua parcela de culpa diante das dificuldades dos alunos, mas não pode arcar sozinha com as desadaptações encontradas. Alguns alunos trazem uma bagagem cultural, social, intelectual, neurológica muito defasada constituindo-se uma desvantagem para a aprendizagem da leitura, escrita e cálculo.
- DEFICIENCIA MENTAL
A criança que tenha uma inteligência inferior encontra-se limitada em sua aprendizagem, mesmo recebendo estimulação rica e condições favoráveis de ensino não conseguirá ultrapassar seu limite.
- DÉFICITS FÍSICOS E/OU SENSORIAIS
A criança com algum tipo de lesão cerebral ou perturbação neurológica mais grave necessita de um acompanhamento médico e métodos adequados de ensino, que a ajude a aprender como aprender.
4. DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
Segundo Oliveira a criança deve ser capaz de comunicar-se com os outros verbalmente de forma clara, sem problemas de articulação. A criança que falou tarde e ainda não domina muito bem a linguagem, poderá manifestar alguma dificuldade na aprendizagem da leitura.
5. FATORES AFETIVO-EMOCIONAIS
As crianças com dificuldades de aprendizagem acabam apresentando algumas perturbações afetivas, pois sofrem com seus fracassos escolares, se isolam mais e se afastam de qualquer atividade que envolva competição. Se sentem inferiorizadas, inseguras, são inibidas e não tem interesse pela escola.
6. FATORES AMBIENTAIS
Uma alimentação inadequada pode acarretar em prejuízo para a criança, no número de suas células nervosas e no processo entre os centros nervosos e os centros de comunicação afetando sensivelmente a capacidade de aprender. Essa carência alimentar pode ser resolvida por um plano de refeição na escola.
7. FALTA DE MATURIDADE PARA INICIAR O PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO
Para Oliveira, a criança precisa apresentar um nível de maturidade, herdada e adquirida pelas experiências de vida, de desenvolvimento físico, psicológico e social, no momento que ingressa no sistema escolar para enfrentar adequadamente as situações de aprendizagens.
8. DEFICIÊNCIAS NÃO-VERBAIS
De acordo com Oliveira, as deficiências não-verbais são significativas para o aproveitamento escolar. Dificuldades em: orientação espacial e temporal, lateralidade, com o significado das expressões faciais, as limitações de percepção social resultam em prejuízo na aquisição de outras aprendizagens.
9. “DISLEXIA”
No início da aprendizagem de leitura e escrita as crianças apresentam os mais variados “erros” que são esperados e que tendem a desaparecer com a assimilação dos conceitos para essas habilidades. Mas, há casos da persistência desses “erros” em crianças que apresentam uma inteligência normal.
Segundo a autora a criança disléxica tem dificuldade de compreender o que está escrito e de escrever o que esta pensando. Produz bem em todas as disciplinas e só se defronta com dificuldades quando precisa ler e escrever.
A dislexia significa quaisquer dificuldades da criança associada ao distúrbio da fala e da linguagem, da estruturação espaço-temporal, do esquema corporal, do sentido de direção, da percepção do ritmo.
Muitos estudos foram realizados com o objetivo de se compreender melhor a dislexia e, geraram diversas polêmicas no mundo.
Segundo Oliveira, diante de toda a polêmica em torno do tema deve-se distinguir as seguintes dislexias: a dislexia causada por um problema mais grave, como deficiência intelectual, deficiência auditiva ou visual grave. É a dislexia apresentada por uma criança com uma inteligência normal ou superior com dificuldades em leitura e escrita, na qual se observa inversão, confusões de letras, omissões, repetições, distorções de letras e sílabas, contaminações de palavras, escrita em espelho, trocas de letras, de sílabas ou de palavras.
Os erros específicos mais freqüentes em dislexia são:
a) confusão no reconhecimento de letras simétricas: d e b; n e u; p e q.
b)discriminação auditiva pobre devido a confusão entre letras com fonéticas semelhantes t e d; f e v,p e b, ch e f.
c) leitura escrita em espelho.
d) repetição de palavras ou sílabas:
e) união de palavras na escrita.
f) inversão na ordem das palavras por falta de orientação temporal.
g) omissão de letras, palavras, sílabas.
h) confusão das letras de formas parecidas: l e i, t e f.
i)pular uma linha ou perder a linha quando lê, sem perceber.
j) substituição de palavras por outras ou criação de palavras com significado diferente.
k) adições ou omissões de sons sílabas ou palavras.
l) ilegibilidade na escrita.
m) leitura silábica, hesitante, com voz monótona.
Oliveira ressalta, ao concluir que o campo de trabalho do professor é o pedagógico, é que é fundamental que o educador não faça diagnóstico do seu aluno em disléxico ou não, que não o rotule. As causas para o não aprendizado do aluno não se esgotam e podem surgir do confronto com o ensino, com a escola, com o professor, com a cultura.
Mas, é importante que o professor reconheça que existem algumas crianças com mais dificuldade em leitura e escrita e, que ele deve agir no sentido de tentar corrigir ou minimizar essas dificuldades.
Um professor que se preocupa verdadeiramente com aqueles que não acompanham a classe saberá descobrir o que pode estar afetando a aprendizagem de seu aluno e encontrará os meios que facilitem o seu melhor desenvolvimento.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA, Gislene de Campos, Psicomotricidade: Educação e Reeducação num Enfoque Psicopedagógico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. 10ª edição.
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