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Educação e relações humanas
neste blog você irá encontrar assuntos referentes as relações humanas, educação, informações para lidar com as diversidade em sala de aula,algus estudos e considerações sobre dificuldade de aprendizagem e intervenção psicopedagógica, projetos e atividades para a sala de aula, entre outros assuntos afins
domingo, 26 de setembro de 2010
Dificuldades de aprendizagem
De acordo com Oliveira, uma porcentagem significativa de crianças apresenta dificuldades em acompanhar o desempenho e as exigências escolares. Surgindo a partir desses fracassos as desadaptações, a ansiedade e os problemas emocionais, que levam as crianças ao abandono e a evasão escolar, com a sensação de perda e o sentimento de que são incapazes de assimilar qualquer coisa que seus professores ensinam.
Segundo Oliveira, existe uma concordância de opinião entre os pesquisadores, que se deve investigar os motivos que levam uma criança a não aprender e eles relacionam como mais freqüentes, as seguintes causas:
a) Os fatores intra-escolares, a inadequação de currículos, programas, sistemas de avaliação, relacionamento professor-aluno, métodos de ensino inadequados.
b) Deficiência mental.
c) Problemas físicos e/ou sensoriais.
d) Linguagem deficiente.
e) Problemas emocionais.
f) Aspectos carenciais da população.
g) Diferenças culturais e/ou sociais.
h) Falta de estimulação adequada nos pré-requisitos necessários à alfabetização.
i) Falta de maturidade para iniciar o processo de alfabetização.
j) “Dislexia”
k) Deficiências não-verbais.
Para Oliveira os problemas de aprendizagem são, portanto, multideterminados devidos a uma associação de causas, podendo ser agrupadas e organizadas como:
- ESCOLA
O objetivo da escola é a integração da criança na sociedade facilitando seu acesso ao mundo dos adultos.
Mas verifica-se que a escola tem selecionado e segregado duramente as crianças que tem menos facilidade de aprender e de se comunicar reproduzindo com os mesmos controles da sociedade, a “expulsão” delas dos meios de comunicação e cultura.
Para Oliveira há muitos professores sem flexibilidade para adaptar os objetivos do ensino às diferenças individuais do aluno. As atividades de sala de aula não têm sentido para as crianças o que torna difícil e desestimulante a aprendizagem.
O relacionamento professor-aluno contribui para a aprendizagem, e, portanto, deve ser aberto às perguntas e indagações dos alunos que devem ser tratados com respeito, não importando a idade em que estejam.
Segundo Oliveira, os professores se comportam como “cães de guarda” e através do controle rígido, selecionam e punem crianças que não realizam as tarefas solicitadas.
A escola tem que provar o quanto é eficiente e eficaz em seus objetivos e atribui unicamente ao aluno que não aprende a responsabilidade pelo fracasso escolar. É por esse motivo a encaminham às clínicas de reeducação.
Oliveira ressalva, entretanto, que a escola tem sua parcela de culpa diante das dificuldades dos alunos, mas não pode arcar sozinha com as desadaptações encontradas. Alguns alunos trazem uma bagagem cultural, social, intelectual, neurológica muito defasada constituindo-se uma desvantagem para a aprendizagem da leitura, escrita e cálculo.
- DEFICIENCIA MENTAL
A criança que tenha uma inteligência inferior encontra-se limitada em sua aprendizagem, mesmo recebendo estimulação rica e condições favoráveis de ensino não conseguirá ultrapassar seu limite.
- DÉFICITS FÍSICOS E/OU SENSORIAIS
A criança com algum tipo de lesão cerebral ou perturbação neurológica mais grave necessita de um acompanhamento médico e métodos adequados de ensino, que a ajude a aprender como aprender.
4. DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
Segundo Oliveira a criança deve ser capaz de comunicar-se com os outros verbalmente de forma clara, sem problemas de articulação. A criança que falou tarde e ainda não domina muito bem a linguagem, poderá manifestar alguma dificuldade na aprendizagem da leitura.
5. FATORES AFETIVO-EMOCIONAIS
As crianças com dificuldades de aprendizagem acabam apresentando algumas perturbações afetivas, pois sofrem com seus fracassos escolares, se isolam mais e se afastam de qualquer atividade que envolva competição. Se sentem inferiorizadas, inseguras, são inibidas e não tem interesse pela escola.
6. FATORES AMBIENTAIS
Uma alimentação inadequada pode acarretar em prejuízo para a criança, no número de suas células nervosas e no processo entre os centros nervosos e os centros de comunicação afetando sensivelmente a capacidade de aprender. Essa carência alimentar pode ser resolvida por um plano de refeição na escola.
7. FALTA DE MATURIDADE PARA INICIAR O PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO
Para Oliveira, a criança precisa apresentar um nível de maturidade, herdada e adquirida pelas experiências de vida, de desenvolvimento físico, psicológico e social, no momento que ingressa no sistema escolar para enfrentar adequadamente as situações de aprendizagens.
8. DEFICIÊNCIAS NÃO-VERBAIS
De acordo com Oliveira, as deficiências não-verbais são significativas para o aproveitamento escolar. Dificuldades em: orientação espacial e temporal, lateralidade, com o significado das expressões faciais, as limitações de percepção social resultam em prejuízo na aquisição de outras aprendizagens.
9. “DISLEXIA”
No início da aprendizagem de leitura e escrita as crianças apresentam os mais variados “erros” que são esperados e que tendem a desaparecer com a assimilação dos conceitos para essas habilidades. Mas, há casos da persistência desses “erros” em crianças que apresentam uma inteligência normal.
Segundo a autora a criança disléxica tem dificuldade de compreender o que está escrito e de escrever o que esta pensando. Produz bem em todas as disciplinas e só se defronta com dificuldades quando precisa ler e escrever.
A dislexia significa quaisquer dificuldades da criança associada ao distúrbio da fala e da linguagem, da estruturação espaço-temporal, do esquema corporal, do sentido de direção, da percepção do ritmo.
Muitos estudos foram realizados com o objetivo de se compreender melhor a dislexia e, geraram diversas polêmicas no mundo.
Segundo Oliveira, diante de toda a polêmica em torno do tema deve-se distinguir as seguintes dislexias: a dislexia causada por um problema mais grave, como deficiência intelectual, deficiência auditiva ou visual grave. É a dislexia apresentada por uma criança com uma inteligência normal ou superior com dificuldades em leitura e escrita, na qual se observa inversão, confusões de letras, omissões, repetições, distorções de letras e sílabas, contaminações de palavras, escrita em espelho, trocas de letras, de sílabas ou de palavras.
Os erros específicos mais freqüentes em dislexia são:
a) confusão no reconhecimento de letras simétricas: d e b; n e u; p e q.
b)discriminação auditiva pobre devido a confusão entre letras com fonéticas semelhantes t e d; f e v,p e b, ch e f.
c) leitura escrita em espelho.
d) repetição de palavras ou sílabas:
e) união de palavras na escrita.
f) inversão na ordem das palavras por falta de orientação temporal.
g) omissão de letras, palavras, sílabas.
h) confusão das letras de formas parecidas: l e i, t e f.
i)pular uma linha ou perder a linha quando lê, sem perceber.
j) substituição de palavras por outras ou criação de palavras com significado diferente.
k) adições ou omissões de sons sílabas ou palavras.
l) ilegibilidade na escrita.
m) leitura silábica, hesitante, com voz monótona.
Oliveira ressalta, ao concluir que o campo de trabalho do professor é o pedagógico, é que é fundamental que o educador não faça diagnóstico do seu aluno em disléxico ou não, que não o rotule. As causas para o não aprendizado do aluno não se esgotam e podem surgir do confronto com o ensino, com a escola, com o professor, com a cultura.
Mas, é importante que o professor reconheça que existem algumas crianças com mais dificuldade em leitura e escrita e, que ele deve agir no sentido de tentar corrigir ou minimizar essas dificuldades.
Um professor que se preocupa verdadeiramente com aqueles que não acompanham a classe saberá descobrir o que pode estar afetando a aprendizagem de seu aluno e encontrará os meios que facilitem o seu melhor desenvolvimento.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA, Gislene de Campos, Psicomotricidade: Educação e Reeducação num Enfoque Psicopedagógico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. 10ª edição.
Sistema Nervoso e Psicomotricidade
De acordo com Oliveira, a psicomotricidade é o caminho entre o corpo, o espaço, o tempo e o desejo de querer fazer, o poder fazer, o saber fazer e as condições para aprender e realizar.
A autora propõe que uma ação pedagógica eficaz deve enfocar uma educação global, em que devem ser respeitados os potenciais intelectuais, sociais, motores e psicomotores dos educandos.
A psicomotricidade é empregada para se definir os movimentos e traz como experiência o próprio sujeito com sua linguagem e sua socialização.
Algumas estruturas do ser humano, como a cor dos olhos, cabelos, etc. já nascem definidas, muitas outras precisam ser desenvolvidas, necessitando de condições apropriadas e estímulos advindo do meio no qual o ser humano vive. Alem dos estímulos do meio as células nervosas (neurônios) precisam de bastante energia, contidas nos açucares e gorduras e também de proteínas.
Segundo Oliveira (1997) “... o desenvolvimento neuronal se dá entre o 6º mês de gestação até mais ou menos os seis anos de idade da criança”.
Nesta fase, a estimulação do ambiente é essencial para a criança que provoca reações nas sinapses, transmitindo informações para os seus neurônios.
Para manipular objetos são necessárias habilidades essenciais, para se movimentar no espaço requer desenvoltura e equilíbrio, dominar gestos e instrumentos. Todos esses movimentos simples ou complexos são controlados pelo sistema nervoso. Ele é o responsável pela coordenação de todas as atividades do organismo.
Na medida que o corpo cresce o comportamento evolui intelectualmente e emocionalmente, ocorre à maturação. O comportamento se diferencia e se modifica, permitindo enfrentar adequadamente uma situação e suas exigências. Aprender, neurologicamente falando, significa usas sinapses normalmente não usadas. O uso, portanto de maior ou menor número de sinapses é o que condiciona uma aprendizagem no sentido neurológico.
O papel do educador nesse sentido será estimular a criança a diferenciar seu sistema nervoso, aumentando o numero de sinapses.
Coordenação global
A coordenação global é a atividade relacionada aos grandes músculos que dão condições para se realizar múltiplos movimentos ao mesmo tempo. Cada membro realiza uma atividade diferente, havendo uma conservação da unidade do gesto. Por exemplo, andar, correr, dirigir, nadar, tocar instrumentos. Através da movimentação e da experimentação a criança procura seu eixo corporal.
Segundo a autora a coordenação global e a experimentação levam a criança a adquirir a dissociação de movimentos.
Coordenação fina
É a habilidade e destreza manual dos pequenos músculos e constitui um aspecto particular da coordenação global. São os movimentos mais refinados e mais precisos como, por exemplo, escrever e desenhar.
Coordenação óculo-manual ou viso-motora
O controle ocular acompanha a visão dos gestos da mão, facilitando a harmonia do movimento. Essa coordenação é essencial para a escrita.
Desenho e grafismo
Segundo Oliveira, a escrita necessita da independência do braço em relação ao ombro e a independência da mão e dos dedos, para se processar de maneira econômica, sem cansaço, para que o indivíduo possa controlar a pressão sobre os dedos.
É fundamental uma postura correta para realizar os movimentos gráficos e que consiga também controlar a pressão gráfica exercida sobre o lápis e o papel, para alcançar maior destreza e maior velocidade no movimento.
A primeira experiência da criança utilizando o lápis é o desenho ou grafismo. Ambos desempenham uma habilidade importante para a escrita e leitura auxiliando a desenvolver a habilidade de pegar o lápis de forma correta e facilitando a harmonia dos movimentos. A escrita possibilita, portanto, a destreza manual organizada a partir de certos movimentos.
Ao realizar um trabalho intenso de exercitação a criança coordenará seus movimentos finos de forma precisa e com velocidade.
Esquema corporal
O corpo é uma forma de expressão da individualidade. Toda a nossa expressão se dá pelo corpo é pela imagem que temos de nós mesmo.
A criança desenvolve o seu esquema corporal gradualmente com a interação de seu corpo com os objetos de seu meio, com as pessoas com as quais convive e com o mundo onde ela estabelece ligações intelectuais, afetivas e emocionais.
As etapas do esquema corporal
1ª etapa: Corpo vivido (até 3 anos de idade)
Nesta etapa o bebê não tem consciência do “eu” e se confunde com o espaço em que vive, tem necessidade de movimentação para enriquecer a experiência subjetiva do seu corpo e ampliar a sua experiência motora. As suas atividades são espontâneas, manuseia seu corpo na relação com o mundo.
2ª etapa: Corpo percebido ou “descoberto” (3 a 7 anos)
A criança passa a ver seu corpo como um ponto de referencia para se situar e situar os objetos em seu espaço e tempo. Percebe as funções do seu corpo (mãos, pés e boca), descobre as diferenças entre o corpo feminino e masculino e assimila conceitos como embaixo, acima, direita, esquerda.
3ª etapa: Corpo representado (7 a 12 anos)
Nesta etapa a criança amplia e organiza seu esquema corporal. Ela já conhece as posições e consegue movimentar-se corretamente no meio ambiente com controle e domínio corporal, pois já tem noção do todo e de partes do seu corpo.
A criança que não foi orientada adequadamente a desenvolver seu corpo terá dificuldades em expressá-lo. Elas não localizam ou confundem as partes de seu corpo, não percebem a posição de seus membros, apresentam dificuldade de coordenação de seus movimentos e seu desenho da figura humana é pobre.
Lateralidade
Segundo Oliveira é a propensão que o ser humano possuir em utilizar um lado do corpo mais que o outro, em três níveis: mão, olho e pé.
O lado dominante executa a ação principal, apresenta maior força muscular, mais precisão, equilíbrio e rapidez. O outro lado auxilia e complementa a ação.
Exemplos de dominância dos membros superiores/inferiores: recortar com tesoura, chutar uma bola, pular amarelinha, bater um prego na parede.
A dominância ocular pode ser percebida quando a criança observa um objeto qualquer a sua frente por um binóculo, uma luneta ou um buraco de fechadura.
É preciso cautela ao afirmar a dominância ocular, pois um problema de visão poderá mascarar a percepção da visão.
De acordo com Oliveira a pessoa que tem a mesma dominância nos três níveis do lado direito, e considerada destra homogênea, e canhota ser for do lado esquerdo. Se a pessoa possuir dominância espontânea nos dois lados do corpo, ou seja, executar os mesmos movimentos tanto com um lado como com o outro, é chamada ambidestra. Ao combinar o uso da mão direita com o pé esquerdo ou qualquer outra combinação, diremos que ela tem lateralidade cruzada. Uma pessoa destra usando a mão esquerda apresenta destralidade contrariada e sinistralidade contrariada um sinistro usando a mão esquerda. No caso de pessoas que sofreram amputação de um membro ou paralisia no lado dominante, é chamado de falsa sinistralidade ou falsa destralidade.
A lateralização é a base da estruturação espacial e é através dela que uma criança se orienta no mundo que a rodeia.
Estruturação espacial
A estruturação espacial é fundamental para ser viver em sociedade. É através do espaço e das relações espaciais que nos situamos no meio em que vivemos, estabelecendo relações entre as coisas, fazendo observações, comparando-as, combinando-as, vendo as semelhanças e diferenças entre elas.
A estruturação espacial não nasce com o individuo. Ela é uma elaboração e uma construção mental que se opera através de seus movimentos em relação aos objetos que estão em seu meio.
Para o recém-nascido os mundos interno e externo são indistintos. Só aos três meses sua imagem de corpo começa as se elaborar a partir do nono mês percebe a separação entre seu corpo e o meio. Aos três anos, a criança já tem uma vivencia corporal.
A verbalização é muito importante e auxiliará na designação dos objetos e na organização da vivencia do espaço, no melhor conhecimento das diferentes partes do corpo e de suas posições e vivenciar melhor o domínio das noções de orientação.
Para que a criança perceba a posição dos objetos no espaço, é necessário ter uma boa imagem corporal, pois ela usa seu corpo como ponto de referencia.
Quando uma criança consegue se orientar em seu meio ambiente, estará mais capacitada a assimilar a orientação espacial no papel.
A partir da organização espacial a criança compreenderá as relações espaciais para se situar e se movimentar em seu meio ambiente, percebendo a reação existente entre diversos elementos, a relação de simetria, oposição, inversão.
As dificuldades na estruturação espacial impedem ou retardam o desenvolvimento pleno da criança, como alguns desses exemplos:
a) Limitação de seu desenvolvimento mental e psicomotor;
b) Crianças tolhidas em suas experiências corporais e espaciais e que não tem oportunidades de manipular os objetos ao seu redor;
c) As que não desenvolveram a noção de esquema corporal, acarretando prejuízo na função de interiorização.
d) As que não conseguiram ainda estabelecer a dominância lateral e nem assimilaram as noções de direita e esquerda.
As conseqüências são desastrosas para a aprendizagem escolar, tais como:
a) Crianças que não conseguem assimilar os termos espaciais e confundem quando se exige uma noção de lugar, de orientação, tanto no recreio, quanto nas salas de aula.
b) Crianças que conhecem os termos espaciais, mas não percebem as posições. Outras têm dificuldades em perceber as diversas posições, e não discriminam as direções das letras (“m”, “u”, “ou” e “on”).
c) Crianças que percebem o espaço que as circundam, não têm memória espacial. Esquecem ou confundem significados dos símbolos representados pelas letras gráficas.
Estruturação temporal
Uma criança pequena não consegue extrapolar suas ações para o passado ou futuro, não tem ainda capacidade para lidar com conceitos de ontem, hoje e amanhã. O seu presente é o que está vivenciando, não percebe as seqüências dos acontecimentos.
É a orientação temporal que lhe garantirá uma experiência de localização dos acontecimentos passados, e uma capacidade de projetar-se para o futuro, fazendo planos e decidindo sobre sua vida.
A criança percebe que seu corpo não existe isolado no espaço e no tempo e vai pouco a pouco captando essas noções. Percebe que seus gestos e movimentos vão se ajustando ao tempo e ao espaço exteriores.
Numa outra etapa a criança toma consciência das relações de tempo. Trabalhará as noções e relações de ordem, sucessão, duração e alternância entre os objetos e ações, percebendo as noções dos momentos do tempo, como o instante, o momento exato, a simultaneidade e a sucessão.
A partir desta fase, a criança começa a organizar e coordenar as relações temporais. Pela representação mental dos momentos e suas relações, ela atinge uma maior orientação temporal e adquire a capacidade de trabalhar ao nível simbólico.
Os principais conceitos que as crianças devem adquirir são: simultaneidade, ordem e seqüência, duração dos intervalos, renovação cíclica de certos períodos e ritmo.
Discriminação visual e auditiva
Um aparelho auditivo e visual íntegro é um pré-requisito muito importante para a aprendizagem da leitura e da escrita. Portanto, se a criança não tem defeito visual ou auditivo, mas não consegue discriminar corretamente os sons ou as formas ela não transmite informações exatas ao sistema motor.
Considerações Finais
A Psicomotricidade é de suma importância para a aprendizagem da criança. Uma criança com seu lado motriz e afetivo desenvolvido em conjunto, têm maiores chances de aprender a leitura e a escrita de forma mais completa e com maior facilidade. É importante também para que a criança se relacione melhor com o meio, sem se sentir deslocada ou diferente.
O educador deve perceber que todas as etapas da criança são importantes e devem ser vivenciadas de acordo com a idade de cada uma. A psicomotricidade poderá ajudar o educador nesse sentido.
Atividades
As atividades recreativas favorecem a consolidação de hábitos, o desenvolvimento corporal e mental, a melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade e promovem a formação total do ser humano.
SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS PSICOMOTORES: engatinhar, rolar, balançar, dar cambalhotas, se equilibrar em um só pé, andar para os lados, equilibrar e caminhar sobre uma linha no chão e materiais variados (passeios ao ar livre), pular pneus, corda, amarelinha; rastejar; correr; engatinhar; encontrar objetos escondidos; perceber diferenças entre o cenário anterior e o atual; participar de atividades de musicalização; cantar; dançar; brincar de roda, de cabra cega, de passar anel, de baliza, de pique-pega, de pique-esconde, de pique-cola, de macaco disse, de Maria viola, etc... dificilmente apresentará dificuldades no processo de alfabetização. Desenhar no chão e observar seu desenho e os desenhos dos colegas. Ainda, adquirir ritmo através da musicalização, esquerda / direita, em cima / em baixo, fino / grosso, alto / baixo, grande / pequeno e tantas outra habilidades que possibilitam um rápido entendimento do processo de escrita e da leitura. Movimentos de pinça (pegar objetos com a ponta dos dedos), soprar canudinhos (bolinha de sabão), confeccionar pipas e brinquedos, rasgar e embolar papéis. Reconhecimento de partes do seu corpo (macaco disse), favorecem o pegar no lápis e nos demais objetos escolares, estimulam o traçado e a observação das diferenças entre as letras.
Esquema Corporal
Macaco disse:
Objetivo : integrar o grupo e trabalhar o esquema corporal
Faixa etária: de 5 a 8 anos
Fale, e as crianças devem obedecer rapidamente o seu comando, sempre começando com “Macaco disse:”
Macaco disse:
Mãos na cintura!, mãos na cabeça!, faça careta!, pule para frente!, pule para trás!, mãos no cotovelo!
Consciência corporal com cadeira
Objetivo: trabalhar o esquema corporal
Faixa etária: de 5 a 8 anos
Como brincar:
Disponha as cadeiras em círculo, uma para cada criança.
Coloque uma música.
Peça as crianças que dancem livremente, criando coreografias variadas, sempre com uma parte do corpo encostada na cadeira: mão, pé, joelho, etc.
Coordenação motora
Objetivo: desenvolver a coordenação motora
Faixa etária: de 6 a 9 anos
O piano
Como brincar:
Crianças em frente á parede, rebatendo a bola e recitando o verso.
La em cima do piano,
Tem um copo de veneno.
Quem bebeu morreu!
O culpado não foi eu.
· Coordenar a batida da bola ao ritmo do verso.
· Além da brincadeira, troque a palavra lá em cima por: lá embaixo, lá longe, lá adiante.
Armar e desarmar a torre
Objetivo: desenvolver a coordenação motora
Faixa etária: de 5 a 7 anos
Como brincar:
Crianças sentadas lado a lado em fileira.
Coloque uma torre de cubos na frente de uma criança no inicio de cada fileira.
Ao iniciar a musica a criança passa para o colega do lado o cubo e esta faz o mesmo, até chegar a mão da ultima criança.
A última criança vai armando a torre na extremidade oposta
A brincadeira deve repetir-se na direção contrária.
Variação: A torre poderá ser formada em seqüência lógica de tamanho, altura, cores, etc.
Noção espacial
Completando o desenho
Objetivo: desenvolver a noção de espaço.
Faixa etária: de 6 a 10anos
Como brincar:
Faça desenhos incompletos no quadro. Exemplo: rosto sem olhos, casa sem portas, carro sem rodas, coelho sem orelhas, pintinho sem bicos,gato sem calda,flor faltando pétalas, etc.
Duas crianças de olhos vendados, devem tentar completar as partes que faltam.
O desenho que os colegas decidirem que ficou mais completo ou mais próximo da realidade será o vencedor.
Variação
Divida as crianças aos pares. Coloque uma venda em uma das crianças. A outra criança deve conduzir o colega para completar o desenho dizendo: _- Para frente. Para a direita. Para cima, etc.
Quero ver quem fica
Objetivos: desenvolver a noção espacial, a atenção e a concentração.
Faixa etária: de 5 a 9 anos
Como brincar:
Desenhe um grande circulo no chão.
Peça as crianças que sigam as suas orientações:
Quero ver quem fica:
- Em cima da linha do circulo .
- Dentro do circulo.
-Fora do circulo.
- Abraçado com o colega que tenha a mesma letra inicial do seu nome fora do circulo.
- Andando sobre a linha do circulo um atrás do outro.
-Pulando como coelhos fora do circulo. Etc.
Lateralidade
• Andar pela sala jogando uma bola ou bexiga, de uma mão para a outra.
• Colocar uma criança no centro. Pedir a outra criança que fique à direita dela; outra atrás; outra à frente e outra à esquerda. Batendo palmas, as crianças mudam de posição e dizem a sua nova posição.
• Colocar uma criança no centro. Pedir a outra criança que fique à direita dela; outra atrás; outra à frente e outra à esquerda. Batendo palmas, as crianças mudam de posição e dizem a sua nova posição.
Seguir o Guia
Objetivo: Objetivo: trabalhar a lateralidade
Faixa etária: de 7 a 10 anos
O guia orienta o parceiro com sons, e a criança que é guiada tem os olhos vendados. O percurso a ser seguido é combinado entre a professora e as crianças. Os sons utilizados são combinados entre as crianças das duplas. Ao final da aula, cada criança pega uma folha de papel e tenta desenhar o mapa do território percorrido.
Eu confio em você
Objetivo: trabalhar a lateralidade..Desenvolver o sentimento de confiança no colega.
Faixa etária: de 5 a 9 anos
Como brincar:
Leve as crianças para o pátio da escola. Divida a turma em duplas
Uma das crianças deve vendar os olhos. A criança que estiver sem a venda vai ser o guia.
O guia deve ficar atrás do colega com as mãos nos ombros dele.
Cada gesto da mão do guia deve indicar uma orientação para a criança que está com a venda movimentar-se, como:
Colocar as duas mãos sobre os ombros: andar para frente,
Colocar somente a mão sobre o ombro direito: virar a direita;
Colocar a mão sobre o ombro esquerdo: virar a esquerda;
Tirar as mãos: parar.
Dê um tempo depois mude o par. Quem estava com a venda será o condutor e vice- versa.
Coordenação Global grossa:
marchar, batendo palmas, correr, saltar, etc
Fina
tocar piano, escrever, modelagem com massinhas, recortar, colar, trabalhos com objetos pequenos como pinças
Referencias Bibliográficas:
ICPG Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br 8 acesso em 17/10/2009
www.qdivertido.com.br acesso em 12/10/2009
YOGI, Chizuko.Aprendendo e brincando com jogos. 4º Ed. Belo Horizonte, MG: Ed. Fapi,2003.
OLIVEIRA,Gislene de Campos. Desenvolvimento da Psicomotricidade. In: Psicomotricidade:Educação e Reeducação num Enfoque Psicopedagógico.8º Ed. Petrópolis, RJ:Ed. Vozes,1998
Repetência Escolar: Falha do aluno ou Falha do sistema?
Segundo Torres, a repetência é um dos maiores problemas escolares da atualidade , e afeta a maior parte dos sistemas escolares do mundo. A escola como não sabe lidar com a questão da não aprendizagem e com má qualidade de seu ensino criou a repetência como solução desses problemas. Portanto pensar a repetência é pensar na missão da escola, seu contexto e seus resultados.
A repetência é estudada desde o inicio do século XX nos países desenvolvidos, e nos paises em desenvolvimento estudos datam dos anos de 1960 e de 1970.
As estatísticas de 1990 registram 35,6 milhões de repetentes no ensino fundamental em todo o mundo. A repetência escolar acontece em maior número nos paises subdesenvolvidos e em desenvolvimento o que não insenta os paises industrializados que apontam um índice de 3 a 4%.
Convém mencionar que alguns países ainda não se deram conta da problemática da repetência escolar enquanto outros(principalmente países da América latina) já apontam com elaboração de diagnósticos e no projeto de políticas para combater a repetência escolar.
É comum omitirem os fatos sobre repetência escolar. Quando se trata da universalização do ensino fundamental a preocupação é somente com os dados referentes a matricula, não se preocupando se essas crianças matriculadas permanecem na escola ou se concluem o ensino fundamental na época esperada.
Verificou-se que na América Latina o número de matriculas está proporcionalmente relacionado com o número de repetência escolar e baixo índice de diplomação no ensino fundamental. Há um erro conceitual quando se trata da repetência escolar, não se faz distinção entre repetência e evasão escolar considera-se repetente alunos que voltam à mesma série no ano seguinte. Esse conceito tem como referência o sistema de graduação convencional, portanto nos sistemas diferenciados ou com regulamentações diferentes esse conceito é difícil ser aplicado.
Ocorre também que muitos docentes, supervisores e diretores das escolas analisam essa situação e contabilizam como ausentes(evasão escolar) os repetentes . Dessa forma os dados se misturam e a realidade fica oculta.
Estudos realizados na América Latina mostram que as estatísticas oficiais em torno da repetência estão sendo subestimadas enquanto que a evasão esta sendo superestimada, provavelmente esse fato se deve a falta de distinção entre as duas. Diante da problemática da repetência torna-se necessário uma maior preocupação com o tema conforme argumenta Torres.
De qualquer forma, a magnitude crescente e cada vez mais evidente da repetência indica a necessidade de uma maior atenção ao problema, bem como ao registro, á documentação e á analise em torno do mesmo. Particularmente, é preciso questionar acerca das percepções que os distintos agentes vinculados à questão educacional na escola(professores, supervisores, diretores), a família e a comunidade possuem da repetência. Por outro lado, as lições e as experiências que deram bons resultados , de preferência as excepcionais, nos países que conseguiram manter baixos índices de repetência, ou reduzi-los consideravelmente, precisam ser exploradas.(Torres:2004, p. 37).
Para que haja um plano de políticas e de reforma educacional , é necessária uma revisão minuciosa de como se procede a coleta de dados sobre a repetência. Existe uma divergência entre a forma de entender a repetência, enquanto que para estudiosos e especialista é muito claro que ela representa uma deficiência do sistema escolar, mas para a sociedade em geral (professores, alunos, pais) a repetência é aceita como uma algo natural inerente à vida escolar.
O sistema escolar criou a repetência como mecanismo para lidar com os diversos contextos inter e extra escolares que inibem a aprendizagem no meio escolar. È comum que os agentes escolares atribuem a não aprendizagem e consequentemente a repetência como um problema externo á escola, dessa forma a responsabilidade é da família, do aluno que não tem interesse, Os pais por sua vez aceitam essa afirmação de forma que o processo continua excluindo os alunos da escola e está não se permite verificar a questão a fim de transformar suas práticas educativas para cumprir o seu papel social. Em alguns casos entende-se a repetência como superioridade da escola e qualificação do professor visto que entende-se que o ensino de tal profissional e de tal instituição está aquém do entendimento do aluno e que provavelmente a repetência significa mais uma chance para que o aluno consiga aprender o conteúdo num outro momento.
Percebe-se então que a repetência é vista de diversos ângulos com opiniões especificas variando de uma comunidade para outra, de classe social bem como de diferentes agentes(professores, diretores, pais). Então para resolver a questão da repetência torna –se necessário observar não só os dados estatísticos mas as formas subjetivas a qual ela é enxergada.
A repetência acontece com maior freqüência nas primeiras séries do ensino fundamental devido a problemas de manejo da alfabetização infantil, provavelmente no ensino da leitura e escrita. O início da atividade escolar é muito importante pois é nessa fase que ocorre a construção de aprendizagens que condicionarão positiva ou negativamente as futuras aprendizagens, inclusive a auto- estima e a autoconfiança.
O critério mais utilizado para a repetência tem sido o domínio da leitura e escrita, a dificuldade para a alfabetização está mais agravado nos países em desenvolvimento devido às salas muito populosas, falta de experiência do professor e ausência de material didático. A repetência precisa ser revista pois ela reforça as necessidades desfavoráveis dos alunos pobres quanto ao ingresso á escola.
Segundo Torres(2004,p. 38)
“ Não apenas para as crianças provenientes de famílias pobres, mas para todas as crianças, a alfabetização deveria ser considerada uma meta não da primeira série, mas pelo menos, das quatro primeiras séries do ensino fundamental.”
Quem decide se o aluno será aprovado ou não é o professor/a e o critério para tal decisão são os mais variados, normalmente são baixas qualificações ou qualificações insuficientes para proseguimento dos estudos em outro nível. É necessário observar que segundo avaliação e valores de tais professores se faz a constatação da não capacidade do aluno. Esses métodos podem ser arcaicos e não servir ao verdadeiro propósito. Além do que o critério utilizado pelo professor pode não ser significativo para constatação da não aprendizagem.
Estudos realizados nos países em desenvolvimento e nos países industrializados contradiz a hipótese de que a repetência assegura a aprendizagem, ao contrario junto com a pobreza ela é um mecanismo que favorece a evasão escolar. A repetência reforça as baixas expectativas, o baixo rendimento , a baixa auto-estima e o fracasso escolar. Fica fácil compreender que a repetência propaga mais repetência e uma desilusão quanto ao futuro.
Financeiramente a repetência também proporciona um desperdício de recursos já que será gasto mais recursos com um mesmo aluno na mesma série. Esses recursos poderiam ser utilizados para sanar as deficiências quantitativas e qualificativas que convergem na falta de acesso, no mau ensino, na evasão.
Embora a questão da repetência seja similar em todo o mundo,ela deve ser tratada de forma singular pois existem visões e conceitos subjetivos em cada região conforme já mencionado.
A soluções que vem sendo dadas a questão da repetência é no sentido de diminuir o seu efeito e tem como principal foco o aluno, nesse sentido está sendo oferecido uma educação compensátoria como aumento das horas do aluno na escola, programa de desenvolvimento infantil para preparar as crianças para a iniciação ás primeiras séries, reforço escolar e por assim vai. Essas soluções abordam a repetência como responsabilidade do aluno, e não de um sistema pois oferece aos alunos os mesmos objetivos de aprendizagem, o mesmo currículo e os mesmos métodos de aprovação.
Alguns paises adotaram a aprovação automática como mecanismo para acabar com a repetência , em alguns casos esse mecanismo foi aplicado ás duas ou três primeiras séries do ensino fundamental ou em determinados ciclos, tal procedimento oferece maior tempo para que os alunos se apropriem do conhecimento e evita uma rotulação precoce da incapacidade do aluno. A crítica de tal procedimento está no fato de não se criar medidas complementares para auxiliar os alunos com dificuldade de aprendizagem, além do que muitos pais são contra essa medida porque o não trabalho diferenciado com tais alunos proporciona que estes avancem os anos para séries seguintes sem ao menos adquirir os conhecimentos básicos esperados para tal fase. Constatação essa que fez com que vários países interrompenssem a promoção automática.
A promoção automática serviu para verificação de que diminuir a repetência não significa necessariamente melhorar a qualidade de ensino, porém ela abriu um leque para chamar a atenção para mudança de atitude em relação a repetência.
Bibliografia:
TORRES. Rosa Maria. Repetência Escola: Falha do aluno ou Falha do Sistema? In : GIL.Carlos Hernandez. MARCHESI.Álvaro(org). Fracasso Escolar uma Perspectiva Multicultural. Porto Alegre:Artmed,2004.
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